Um casal que veio do outro lado do mundo em busca do seu parto :). Um casal que me surpreendeu em todos os aspectos. Tão jovens, mas tão seguros, conscientes e cheios de fé.
Ainda tivemos momentos de risada 🙂
Grata Brenda e Daniel por me terem escolhido para vos apoiar.
“Quando soube que eu estava grávida não tínhamos qualquer meta romântica ou sonho para o nascimento do bebê, somente expectativas. Assim como a maioria das mães queríamos um parto normal, porque é mais seguro, porque é mais saudável. Recebi um dia uma informação que no entanto, me incomodou: no Brasil o índice de cirurgias cesarianas é muito maior do que na Europa – mais de 50% dos nascimentos são feitos por cesariana. O meu ginecologista, claro, já tinha marcado a data da cirurgia, sem sequer ter perguntado se queríamos ter ou não uma cesaria. Ficamos perplexos, mas confiámos nele e na sua profissão. Com dois meses de gravidez, informações simplesmente vieram ao meu encontro, e após muita pesquisa, vim a descobrir a máfia das cesarianas que acontecia no Brasil. Decidimos deixar o médico que nos acompanhava. Descobrimos que poderíamos ter um parto natural humanizado em casa.
Amigos, família, conhecidos, como podem imaginar, acharam uma loucura, mas estávamos dispostos a quebrar os paradigmas e continuar com a nossa ideia, pois recebíamos cada vez mais e mais informações que nos deixavam cada vez mais seguros. Depois de mostrarmos dados que vieram a confirmar que era mais seguro um parto humanizado em casa, começaram a aceitar, mas sempre com aquele pé atrás do “E se..”
Com tudo organizado, nossa família embarcou connosco nessa aventura, fomos atrás de uma equipa para nos ajudar, conseguimos um Parteiro e uma Doula. Com 38 semanas e tudo pronto, estávamos somente a espera da hora do Pedro, da hora de Deus. Fizemos nossa última sessão de fotos clássicas da gravidez. Foi uma sessão linda, e acabamos o dia na praia, era um dia normal, mal sabíamos que o amor de nossas vidas estava pronto a nascer. Nesse mesmo dia assistimos ao nascer da Lua, estava cheia, era um sinal, o dia foi lindo. Logo após ao jantar começaram as contrações, consideramos normal, achando que era mais uma ‘daquelas’ dores que temos durante a gravidez e tentamos ir dormir, mas não conseguia, a dor vinha e desaparecia. Então dancei, fui à bola, tomei um duche quente. A dor não passava. Ah! Pois a dor, dói sim, e muito. Mas quando você se concentra e consegue ir ao centro da dor, ali você encontra paz, tinha que ter os pés bem assentes no chão. Chorei, brinquei, andei, deitei no chão, dormi. O Daniel, meu companheiro desta vida, meu esposo, esteve o tempo todo do meu lado, ele segurava a minha mão. Quando demos conta já eram 5 horas da manhã, e foi quando caiu a ficha de que o Pedro podia estar para chegar. Ligámos a todos e demos a notícia. Com rapidez a Doula Márcia chegou, ia me fazendo massagens, o que aliviava a dor, ah pois a dor de novo, se o bebé tivesse na posição normal não seria tão doloroso, mas era para ser assim, teve de ser assim porque nada é por acaso. Tudo organizado, velas acesas, música ambiente de fundo, um cheirinho a baunilha bem suave pairava no ar. Estava tudo pronto para a chegada do Pedro. Depois de tantas contrações fui para a piscina e no conforto do abraço de meu esposo encontrei a força que precisava, seguro a mão do Daniel, faço força, ocitocina a trabalhar, não é desta vez. Em cada contração a dor ficava cada vez mais forte. Respira, mais uma contração, se eleva, não encare a dor como sofrimento. É prazeiroso, mais uma contração, quando me dei conta do tal fogo, da conhecida partolândia, lá estava eu. Meu bebé estava a chegar. Viajei até à partolândia. A contração veio, soltei um grito alto e fui com tudo. Eu senti o Pedro saindo, quando meu parteiro me incentivou a pegar na cabecinha dele. Uau! Que momento. Mais uma contração e eu não estava a acreditar, o Pedro saiu nadando e veio direto ao meu colo. Com 3kgs e 51 cm.
Um choque, não acreditava, fui à partolândia, voltei, acreditei no meu corpo, consegui. Natureza perfeita. Mix de sentimentos. Amor. Alegria. Choro. Alívio. Orgulho de ter passado por tudo e consegui. Fui a partolândia e voltei com o meu filho nos braços. Gratidão a Deus, Daniel, minha Doula Márcia, meu parteiro António, minha cunhada Flávia, minha sogra e todos aqueles que me deram força para seguir este caminho, o caminho do amor, o caminho do respeito ao tempo natural, o caminho Divino. Pedro nasceu em casa, em um ambiente tranquilo e cheio de amor. Meu primeiro filho, meu grande amor. ”
“Parir é passar de um estágio ao outro. É um rompimento espiritual. E, como em todo o rompimento, provoca dor”, Mas quando ele nasce, você já nem lembra dela, é uma nova fase, uma nova vida.”