Mais uma maravilhosa e intensa experiência, entre conversas, chá e biscoitos caseiros 🙂
Muito grata a vocês Patrícia e Vasco.

” “O Francisco é um petisco, que a mamã foi arranjar…”

Este título é uma das estrofes cantadas pelo papá, ainda na maternidade, quando escolhemos o nome do nosso segundo filho.
Esta gravidez chegou como uma grande aventura para nós; pois há data prevista para o nascimento, o nosso pequenino Sebastião faria 15 apenas meses; e, um grande desafio para mim, como mulher e mamã de segunda vez, no sentido de ter um parto natural e humanizado resgatado quando do Sebastião.

O primeiro passo foi encontrar um profissional amigo do parto natural e humanizado e o segundo uma doula. Encontrámos ambos. Marquei encontro com a Márcia na bela esplanada da praia das Avencas e lembro-me que não parámos de falar… senti proximidade e “à vontade” e partilhámos a mesma opinião em diversos assuntos. Estava decidida, a Márcia seria a minha doula. Senti que era essencial sentir-me à vontade e ainda poder usufruir das suas relaxantes massagens durante o trabalho de parto. E foi mesmo especial!
A gravidez correu maravilhosamente,  com algum stress para o final pois mudámos de casa a um mês do nascimento e, a minha obstetra iria muito provavelmente estar de férias na semana do nascimento.
Magiquei um plano B, que poucos dias depois transformei em plano A. Decidi ter o meu bebé na água no Hospital de S. Bernardo em Setúbal. Fui há famosa entrevista com o famoso enfermeiro Vítor Varela, que me inspirou imenso e fez-me acreditar que era a minha opção. Fui há conferência da Bárbara Harper sobre nascimento na água e marquei aulas de preparação para o parto na água mas, um dia depois de iniciar o curso, suspenderam por tempo indeterminado os partos na água no Hospital de Setúbal, ou seja, no sector público. Senti-me desolada e um pouco à deriva, não conseguia outra vez visualizar o nascimento do meu segundo filho.
Mas a um mês do nascimento tudo se encaixou…a mudança estava feita! O filhote já tinha o ninho preparado. E, na última semana, foi-me apresentado o obstetra que leu o meu plano de parto e o respeitou de imediato, foi um encontro curto e o único antes de ter o meu bebé com ele, mas senti-me confiante e inspirada.
Entrei de férias no início de Agosto e fui para o novo ninho, gozar os últimos dias de gravidez com o meu pequenino Sebastião, pois o papá ainda estava a trabalhar. E, foram mesmo só 3 dias. Na véspera tive uns pré-sintomas que me levaram há maternidade, mas foi apenas um sinal de que estava para breve…o que não imaginei é que 24 horas depois voltaria há maternidade já em trabalho de parto adiantado.
Por volta das 19h00, já com o papá em casa, senti que libertava líquido, não em grande quantidade, mas algo mais que o normal. Liguei para a Márcia e para o obstetra que viria de Torres Vedras para o meu parto. Pensei, será que é já? Ainda não sentia contracções, mas uma hora depois as contracções começaram, com alguma frequência. Ainda incrédula com a chegada do momento, continuei em casa bem descontraída; entre jantares, duche e preparação da logística para o Sebastião, nem me apercebia que as contracções faziam o seu maravilhoso trabalho.
As contracções íam e vinham, sem que me apetecesse contabilizá-las…estavam a aumentar de intensidade e frequência, mas muito gradualmente. Tinha a minha bola de Pilates, a mala da mamã e bebé, um chá especial para ir bebendo durante o trabalho de parto, receita da Márcia, bolinhos de azeite que a minha mana tinha feito e o mp3 com música que me apetecia ouvir durante o parto (as Avé Marias de Schubert e Bach e a banda Wah, que ouvi nas práticas de yoga durante a gravidez). E, a vontade de conhecer o meu bebé. Saímos de casa por volta das 22h30 e eu a imaginar que talvez o médico já estivesse à minha espera e na realidade chegou uma meia hora depois…
Decidimos manter a surpresa do sexo até ao nascimento. A nossa intuição dizia que seria outro menino, mas era-nos mesmo indiferente.
E, lá estávamos nós instalados num quartinho acolhedor, à média-luz, a ouvir música, a comer bolinhos e a beber chá. O Dr. Nicolau apareceu pouco depois com a sua boa disposição e tranquilidade…
A enfermeira que me observou disse, mas a bolsa ainda não rompeu…aí pensei, se ainda não estou em trabalho de parto, o que faço aqui? Heis que ouço em seguida, mas está em trabalho de parto e já com 5cm de dilatação. Suspirei de alívio e de satisfação…sentia-me tão bem! A partir deste momento foi só deixar-me ir…
As contracções vinham e eu apoiava-me na outra cama e concentrava-me a entoar uns sons longos enquanto a Márcia me massajava a zona lombar, e o milagre acontecia…a contracção transformava-se num curto transe suportável. Em nenhuma fase me lembrei de anestesias para o que quer que fosse, estava completamente entregue ao meu corpo e aquela magia. Talvez tenham passado 2 horas e já estava com 7cm de dilatação, sempre no mesmo transe…
Foi a partir dos 7cm que percebi o verdadeiro poder das contracções que ajudam o bebé a nascer, estavam muito mais intensas e longas e precisava concentrar-me mais para as suportar, mas depois desapareciam e eu descansava.
Senti vontade de fazer xixi e não me sentei pois parecia que o bebé podia nascer ali; foi aí que senti o que é a verdadeira (livre de epidurais) vontade de fazer força antes do bebé nascer…chegara o momento!
O Dr. Nicolau perguntou-me se queria ir a pé para a sala de parto, mas eu tive receio que o bebé nascesse no corredor e preferi não andar, comecei a temer um pouco o poder daquelas últimas contracções.
Conseguimos todos um lugar na sala de parto, que estava à média-luz, bravo!!! Tive direito a filme e fotos, fantástico!!! Instalei-me semi-sentada e lá continuei a acompanhar as contracções que levaram ao nascimento e, voilá: é um menino!!!
​Que sentimento indescritível e intenso ficar logo pele com pele com o nosso novo ser, estava zonza, nem liguei muito ao sexo pois estava preparada para menino…
Depois de todos prontos, fomos para o quarto descansar e começar ou continuar (pois ainda dava de mamar ao mano mais velho) a viagem da amamentação. E foi assim noite adentro e dia afora, e já 14 meses a fio e 29 meses para o mano mais velho! Continua a ser uma aventura maravilhosa!

​Obrigado família linda, doula querida e médico fantástico!
Bem hajam,
Patrícia Matos”

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